Segue abaixo o artigo escrito pelo professor de Agropecuária Luciano Rezende sobre a questão ambiental no âmbito da Rio+20.
Currículo Lattes do professor: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=C258258
Uma
OMC ambiental?
A
Rio+20 não será uma conferência mundial sobre meio ambiente, como
alguns querem fazer crer. Será uma Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável, que extrapola a temática
ambiental. Seu tema, aliás, é “a economia verde no contexto do
desenvolvimento sustentável e da
erradicação da pobreza”.
(Grifo meu).
Importante
fazer esse esclarecimento, pois acentuar apenas a vertente ambiental
do desenvolvimento sustentável é, de fato, obsessão de algumas
ONGs ambientalistas e da União Europeia, notadamente França e
Alemanha, que querem pautar o meio-ambiente de forma isolada no
evento. O governo brasileiro está certíssimo ao resgatar também os
outros dois pilares que compõem esse tripé da sustentabilidade: o
econômico e o social.
É
preciso exorcizar aquilo que o embaixador brasileiro André Aranha
Corrêa do Lago, em entrevista ao Valor Econômico desta semana,
chamou de o “espírito de Estocolmo”, referindo-se à primeira
conferência ambiental da ONU, ocorrida em 1972, onde se produziu um
relatório que ressuscitava as surradas teses malthusianas de que
nunca iria haver recursos naturais suficientes para todos e que a
solução, portanto, seria controlar a população e o crescimento
econômico dos países em desenvolvimento. A tese de que o problema
ambiental do mundo é que se tem pobre demais e recursos naturais de
menos, está voltando à baila.
Os
neomathusianos querem classificar o mundo em duas categorias, os que
já chegaram a um alto padrão de consumo e querem manter o posto, e
aqueles que ficaram para trás e devem ficar por lá mesmo.
Escondem-se sob o manto da
“ecolatria” – espécie de adoração à natureza –, que isola
o ser humano do debate ambiental e desconsidera os interesses da
classe trabalhadora e a soberania das nações.
Nessa
toada, a nova proposta da União Europeia, a ser apresentada na
Rio+20, é a da criação de uma nova agência ambiental nas Nações
Unidas, nos moldes da Organização Mundial do Comércio (OMC), ou da
Organização Mundial do Trabalho (OIT). A ideia seria inaugurar a
World Environment Organization (WEA), ou Organização Mundial do
Meio Ambiente (OMMA, na sigla em português). Alguns países latinos
já se pronunciaram temerosos que uma agência do gênero sirva para
encobrir ações comerciais protecionistas dos países ricos.
A posição do
Brasil parece ser a mais coerente: fortalecer o já consolidado
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que aos 40
anos de existência pode ser tornar uma organização mais poderosa,
com a participação e contribuição universal dos países, além de
o Conselho Econômico e Social (Ecosoc) da ONU incorporar a temática
ambiental e se transformar num Conselho de Desenvolvimento
Sustentável. O fato é que o mundo não tem hoje nenhuma organização
ambiental como a FAO é para a agricultura ou a OMS é para a saúde.
O Pnuma, hoje, é apenas um programa e o seu fortalecimento seria
importante, concebendo o desenvolvimento sustentável como um grande
guarda chuva, que trabalhe com três pilares, o ambiental, o
econômico e o social, sem que o meio ambiente seja abordado
desvinculado do desenvolvimento. Ou vamos aceitar dois padrões de
consumo, para país rico e pobre?
O fato de Brasil,
China, Índia e outros países em desenvolvimento estarem aumentando
o consumo de milhões de pessoas, deve ser comemorado. Claro que isso
representa um enorme desafio para o meio-ambiente, que não será
solucionado restringindo o consumo destas pessoas.
Parabéns pelo artigo professor Luciano.
ResponderExcluirCompartilho das suas idéias.